Suspeito de matar médico permaneceu em silêncio durante interrogatório; polícia investiga motivação
O médico Geraldo Freitas, suspeito de matar o colega de profissão, Andrade Lopes Santana, de 32 anos, se manteve em silêncio durante o interrogatório na delegacia e não confessou o que teria motivado o crime. A informação foi checada pelo Acorda Cidade em contato com o delegado Roberto Leal, coordenador regional de polícia (1ª Coorpin).
“As investigações continuam. O suspeito foi interrogado, contudo, manteve-se em silêncio. Nada relatou sobre o ocorrido por orientação de seus advogados. Nós vamos continuar com as investigações, posto que é um direito da pessoa, manter-se em silêncio e só falar em juízo ou mesmo manter-se em silêncio em todo o processo criminal. Há ainda algumas perguntas que precisam ser respondidas nesta investigação, por isso nós continuamos com o emprego de todas as equipes que forem necessárias, principalmente para que a gente identifique se houve ou não a participação de mais uma pessoa, se houve essa participação, qual o nível de envolvimento deste indivíduo ou mais, e também precisamos entender a motivação”, afirmou.
Roberto Leal disse também que outras pessoas prestarão depoimento na delegacia sobre o caso.
“As equipes trouxeram informações importantes de pessoas que serão ouvidas a partir de segunda-feira (31), que podem acrescentar dados substanciais referente a motivação do crime. De todos os elementos que temos até agora, não há nenhum indicativo da motivação, mas não vamos descartar nenhuma linha. Todas vão ser levantadas e, com certeza, nós vamos chegar a motivação deste crime e elucidação completa”, informou o delegado ao Acorda Cidade.
Andrade foi encontrado morto no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos, na manhã de sexta-feira (28), após ficar cinco dias desaparecido. Ele saiu de Araci com destino a Feira de Santana e marcou um encontro com um amigo, o mesmo que registrou queixa do desaparecimento, e também é apontado como o principal autor. Geraldo estudou medicina com Andrade em uma faculdade na Bolívia e, após concluírem o curso, voltaram ao Brasil para trabalhar no interior da Bahia
O velório e sepultamento do médico ocorreu neste sábado (29) em Araci. Uma multidão acompanhou o cortejo.
Geraldo Freitas foi preso horas após a localização do corpo, que apresentava uma marca de tiros na nuca e estava amarrado a uma âncora. A prisão foi efetuada por equipes da 1ª Coorpin e Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR) na casa onde o suspeito mora no bairro da Santa Mônica, em Feira de Santana. No condomínio, também foi encontrada a moto aquática que seria vendida a Andrade.
As investigações
Em entrevista ao Acorda Cidade, no dia da prisão, o delegado Roberto Leal, relatou que logo após a polícia dar início às investigações sobre o desaparecimento do médico, a polícia percebeu que as informações prestadas na delegacia pelo suspeito não estavam condizentes com as investigações preliminares.
“Inicialmente, no dia do desaparecimento e no dia seguinte, quando um colega de trabalho do médico compareceu à delegacia de polícia informando sobre o desaparecimento, as investigações foram iniciadas pela 1ª Coorpin e também pela Furtos e Roubos, e de imediato começou-se a perceber que as alegações prestadas pelo colega não estavam relacionadas corretamente com o que foi angariado durante as investigações preliminares. As investigações continuaram, e no dia 27, chegou-se a uma testemunha, que acabou relatando algumas informações que apontam para a participação dessa pessoa no crime”, informou Leal.
Comprou âncora para prender o corpo
Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade
Segundo o delegado, também no dia 27, através das equipes de inteligência, chegou-se a um estabelecimento comercial e foi verificado que o mesmo indivíduo que é suspeito, comprou uma âncora, a mesma que foi encontrada amarrada ao corpo de Andrade, e por esse motivo foi representada a prisão temporária do suspeito.
Motivação está sendo investigada
“Até o momento não conseguimos apontar corretamente a motivação para o fato. Em relação à venda da moto aquática, está descartada, principalmente pelos depoimentos coletados de amigos e outros colegas de Andrade, de que ele não veio a Feira de Santana para negociação desse Jet Sky. Ele veio justamente resolver uma pendência junto ao exército para aquisição de uma arma de fogo”, relatou.
Mais envolvidos
Roberto Leal destacou que as informações apontam para a participação do suspeito no crime, porém os investigadores ainda vão buscar esclarecer se ele contou com ajuda de mais alguém no assassinato.
“Abraçada pelo assassino”
A mãe da vítima Domitila Lopes informou ao Acorda Cidade que pediu forças a Deus para fazer o reconhecimento do corpo e o suspeito chegou a abraçá-la e se emocionar com ela antes de ser descoberto.
“Isso é um absurdo né? É muito triste. A gente não merece isso. Eu fui abraçada pelo assassino, ele me confortava, chorou comigo, sentiu a minha dor junto comigo. Isto é muito triste. Ninguém merece isso, eu estou arrasada com isso. Eu reconheci o corpo do meu filho pelos pés porque o resto estava deformado. Mataram meu filho de joelhos. Eu creio que meu filho teve tempo de se consertar com Deus. Meu filho tinha um projeto de ajudar os pobres, ele trabalhava na assistência social, ele era um menino de ouro. Era um menino bom, não merecia ter morrido assim. Eu estou arrasada, eu estou tendo conforto das orações do Brasil, que está sentindo a minha dor junto comigo. Meu filho foi traído, confiou no amigo. Se dizia doutor, não sei se é doutor, dava plantão e tudo, e depois fazer uma coisa dessas com um ser humano tão bom”, relatou.
Foto: Arquivo da família | Dormitília com o filho em 2019 durante visita a Bahia
Andrade Santana era natural do Acre e morava em Araci (BA), onde trabalhava há mais de três anos. Tinha um projeto social e muitos amigos.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade