Número de mortes de idosos por queda dobra nos últimos 10 anos no Brasil

“A queda de idosos é uma preocupação global em várias áreas da saúde”. A afirmação do cirurgião otorrinolaringologista, Dr. Sandro Torres, traz à tona um alerta e nos lembra uma estatística que precisa ser levada em consideração por quem vive a terceira idade ou com quem convive com pessoas idosas: dados do Ministério da Saúde dão conta de que esse tipo de acidente é considerado a terceira causa de mortalidade entre os indivíduos com mais de 65 anos. Para se ter uma ideia da gravidade, o número de mortes por conta de queda de pessoas desse grupo praticamente dobrou nos últimos 10 anos: em 2013, 4.816 idosos morreram vítimas de queda da própria altura. Já em 2022, esse número saltou para 9.592 óbitos. As quedas mataram 70.516 idosos entre 2013 e 2022, segundo o ministério. Dr. Sandro Torres, porém, chama a atenção para o fato de que algumas causas dessas quedas podem ser prevenidas ou evitadas, como é o caso da tontura ou vertigem, as quais, somadas a qualquer tipo de desequilíbrio, somam 85% das causas de queda dessa população no Brasil.

Muito diferente da queda de uma criança ou jovem, a queda do idoso apresenta um agravante: a diminuição da massa óssea, a osteoporose, ou seja, uma propensão maior a fraturas, sobretudo em ossos mais extensos como bacia e fêmur. Essas fraturas trazem outro agravante que é o risco de embolia pulmonar ou até AVC, derrames, e isso impacta bastante na qualidade de vida dessas pessoas, bem como na mortalidade desse grupo. Conforme o cirurgião otorrinolaringologista, alguns fatores contribuem para o aumento do desequilíbrio dos idosos, o qual é uma porta aberta para as quedas. Dentre esses fatores, Dr. Sandro Torres cita a diminuição da precisão visual, seja por catarata ou pelo próprio envelhecimento do nervo óptico que diminui um pouco a sua precisão a partir de determinada idade; diminuição da função do cerebelo, que é um órgão que fica atrás do cérebro, o qual, assim como a visão, também é um dos responsáveis pelo equilíbrio; e a diminuição da precisão dos tendões, dos músculos, articulações e ossos também. Tudo isso, junto com o labirinto que fica na parte interna do ouvido, compõe o sistema do equilíbrio de uma pessoa.

No idoso, população que soma mais de 30 milhões de indivíduos no Brasil, segundo o IBGE, entretanto, “todas essas estruturas envelhecem e diminuem sua capacidade plena de função. Com isso, o idoso passa a apresentar uma fragilidade maior na locomoção, ao se posicionar no espaço, principalmente, em ambientes com ladeiras, degraus ou desníveis, e isso aumenta e muito o risco de queda”, salientou o especialista. A tontura ou vertigem, sintomas comuns provocados por muitas doenças, ou mesmo por problemas no labirinto, combinadas com esses fatores citados, são um convite a quedas, como alerta o otorrinolaringologista. Dr. Sandro Torres lembra que 45% dos idosos no país convivem com o sintoma da tontura, como indicam estudos brasileiros, e que a tontura se caracteriza como perda do equilíbrio, ou seja, “toda vez que a pessoa sente dificuldade em se manter equilibrada no seu eixo corporal isso se reflete com a tontura, e esta precisa ser tratada, pois, se você controla o equilíbrio desse idoso, a chance de ele cair diminui muito”, ressaltou.

Tipos de tontura e como prevenir o desequilíbrio

É importante explicar que não existe um único tipo de tontura. O especialista diz que a tontura pode ser rotatória, quando a pessoa sente todo ambiente girando em torno dela. Caso o indivíduo apresente a sensação de que o próprio corpo está girando em torno do ambiente, essa tontura é chamada de vertigem. Os outros tipos de tontura podem ser o desequilíbrio, pendência de um lado ou para o outro, ou pra frente ou para trás; pode ser uma sensação de flutuação, ou que o corpo está instável em relação ao solo ou em relação ao meio em que a pessoa se encontra. Existem também os casos em que o paciente relata a sensação da cabeça pesada ou oca, sem conseguir se conectar muito bem em relação ao espaço. “Tudo isso se manifesta como tontura. A pessoa que fala que está pisando nas nuvens, em ovos. Pisando sem firmeza, sem precisão. Isso é a tontura não vertiginosa”, explicou.

A vertigem, por ser rotatória, manifesta algum problema relacionado ao labirinto e, por isso, o termo labirintite é tão popularmente utilizado. “Quando um indivíduo diz que tem labirintite, termo inapropriado, mas muito usado, por exemplo, ele quer dizer que tem uma tontura de longa permanência, que acompanha ele já há muito tempo. Por isso, a necessidade da investigação junto a especialistas para saber se existe alguma disfunção no labirinto, no caso, buscar um otorrinolaringologista; alguma ritmia, ou se o idoso apresenta algum problema neurológico ou até metabólico, sobretudo nos hormônios, se tem diabetes, hipoglicemia de forma acentuada. Tudo isso implica no risco aumentado de tontura e de queda também.

Além disso, é importante fazer uma avaliação ósseo muscular, saber das suas condições articulares, verificar como está a força muscular desse indivíduo e as suas condições articulares para verificar se precisa melhorar a sua mobilidade. “Muitas vezes, precisa da ajuda de um fisioterapeuta para procurar otimizar essa função locomotora”, orienta o cirurgião, acrescentando que algumas adaptações nos ambientes dos idosos também precisam ser feitas para prevenir estas quedas, tais como: evitar tapetes, móveis com rodinhas, que são verdadeiras armadilhas para o idoso que pode pisar e cair; piso escorregadio, tentar colocar os ambientes mais largos, com portas mais largas que dê para passar uma cadeira de rodas eventualmente, mas que permita o idoso caminhar sem tropeçar; iluminação adequada, sobretudo, nos ambientes que ele transita noturnamente. “Caso precise, o próprio uso de aparelho auditivo ou tratamento outro, caso tenha perdido audição”, uma vez que esta também é primordial para o equilíbrio da pessoa.

Por Adriana Matos – AMA Comunicação Integrada