Seis vítimas de acidentes de trânsito são registrados por dia na Bahia
Das 2.832 mortes em Acidentes de Transporte Terrestre (ATT) na Bahia, em 2022, 42% foram ocupantes de veículos de passeio, uma média de duas em cada cinco vítimas. O grupo segue liderando o número de mortes em ATT, com um aumento proporcional de 4% em relação a 2021. A média também se mantém com seis mortes por dia no estado, o 4º maior do país no índice.
Em 2022, os motociclistas representaram 39,2% dos casos, seguidos por pedestres, com 13,7%, e ciclistas e ocupantes de outros veículos, que somados representam os 5,2% restantes. Como perfil das vítimas, mais que a metade, 54,2%, tinham entre 30 e 59 anos, sendo que, a cada dez, oito eram homens e duas eram mulheres.
Os dados foram disponibilizados, ontem, pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), fechando o Maio Amarelo, mês de conscientização contra a violência no trânsito.
Economista da SEI, Jadson Santana comenta que, em relação aos anos anteriores, a proporção de mortes de ciclistas era mais elevada. “Em 2022, observamos que há o aumento da participação das mortes em ocupantes de veículos. Houve uma alteração do padrão, em que, geralmente, a maior parte estava relacionada aos motociclistas, porque a moto não tem proteção caso ocorra uma batida”, pontua.
Para o especialista em trânsito e professor da Escola Pública do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), tenente-coronel Genésio Luide Souza, esses dados são diferentes nas áreas urbanas, onde a motocicleta é o veículo com maior letalidade, sendo mais vulneráveis no trânsito ao lado dos ciclistas e dos pedestres.
“Não é surpresa que o número de automóveis se envolvendo em acidentes tenha crescido em relação ao de motocicletas. Outra justificativa é que o estudo anterior pega uma década de redução de acidentes, em que os órgãos de trânsito se empenharam muito a seguir à ONU, além do período de pandemia com o número de veículos nas rodovias reduzindo”, finaliza.
Sobre as cidades, Jadson traz as que mais tiveram vítimas fatais: Feira de Santana (136), Vitória da Conquista (126), e Salvador (114). De acordo com ele, isso ocorre por causa do alto volume de carros na rua. Mesmo assim, Salvador registra uma taxa de 4,4 mortes no trânsito a cada 100 mil habitantes, menor que as taxas de 8,7 da região metropolitana, 16,1 da Bahia e 18,6 interior do estado.
De acordo com o economista da SEI, a partir de 2012, quando foi implementada a Nova Lei Seca, o número de mortes reduziu. “A lei com o aumento da fiscalização permitiu a conscientização maior por parte da população em relação aos perigos do trânsito, inclusive, talvez, com o medo de pagar uma multa maior, fazendo com que a pessoa não dirija alcoolizada”, afirma.
Em 2000, os ATT foram a principal causa de mortes violentas no estado, com 1.098 vítimas fatais, o que representava uma taxa de 9,2 mortes a cada 100 mil baianos. Essa taxa elevou-se consideravelmente até 20,1, no ano de 2012, quando foram registradas 2.845 vítimas de ATT na Bahia. Como reflexo, sobretudo, das medidas legais instituídas para coibir, por exemplo, o consumo de álcool e o excesso de velocidade, a taxa começou a reduzir e estagnou nos últimos anos. Em 2022, foi de 16,2 mortes.
O estudo da SEI também apresentou o custo econômico-financeiro para o SUS. Só em 2022, os ATT resultaram em 11.284 internações graves na Bahia, segundo dados da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Esse contingente representa redução de 11,8% em relação a 2021. Com o tempo médio de 4,9 dias, um paciente internado no SUS em decorrência de ATT representava um custo médio de R$ 1.187,42 para o poder público.
Já em relação aos acidentes notificados, houve um aumento de 24,4% em relação a 2021, chegando ao total de 24.841 em 2022. Neste mesmo ano, a taxa de óbito em internações em decorrência dos ATT foi de 1,5 a cada 1.000 internações na Bahia.
A Tarde