Corpo de ganhador da loteria é encontrado enterrado em concreto anos após retirada do prêmio

A história trágica de um homem que ficou milionário após ganhar na loteria voltou a ser assunto nas redes sociais depois de uma reportagem do The Mirror.

Abraham Lee Shakespeare, da Flórida, nos EUA, tinha 43 anos, quando faturou US$ 30 milhões, aproximadamente R$ 149 milhões na cotação atual, em 2006.

Shakespeare era assistente de motorista de caminhão e vivia com a mãe na região rural de Plant Town, em Tampa. Ele era descrito como semianalfabeto e “extremamente generoso” com a nova fortuna, um detalhe do qual algumas pessoas tentaram se aproveitar.

O homem foi encontrado morto em janeiro de 2010, enterrado em concreto, no quintal de trás de uma casa.

“Ele me dizia ‘Eu estaria melhor falido’. Ele dizia isso o tempo todo”, revelou Robert Brown, irmão de Shakespeare, ao St Augustine Record, em 2010, depois que o corpo de Shakespeare foi encontrado.

A fortuna mexeu muito com o cotidiano de Shakespeare, segundo Samuel Jones, que o conhecia desde os 12 anos: “Ele realmente não entendeu nada da situação. Tudo estava mudando muito rápido. Mudou a vida dele de um jeito ruim”.

Jones contou em entrevista que muitas pessoas passaram a ficar do lado de fora da casa na qual Shakespeare morava com a mãe para pedir dinheiro a ele. “Eu pensava que todas essas pessoas eram minhas amigas, mas eu percebi que elas só queriam meu dinheiro”, o ganhador teria dito ao amigo.

E, no fim das contas, ao menos uma dessas amizades realmente não queria o bem de Shakespeare. Ele conheceu Dorice Donegam Moore, chamada de DeeDee, em 2007, cerca de um ano após ganhar o prêmio. O encontro aconteceu logo depois que ele comprou uma casa avaliada em cerca de US$ 1 milhão em Lakeland, no condado de Polk.

Moore disse que queria escrever um livro sobre a vida dele e se tornou uma espécie de conselheira financeira com o tempo. Documentos mostram que a empresa de Moore, a American Medical Professionals, comprou a casa de Shakespeare por US$ 655 mil, em 2009.

No mês seguinte, ela o ajudou a abrir uma empresa, o que deu a ela a habilidade de mexer com o dinheiro do ganhador da loteria. Há provas, inclusive, de que ela fez um saque de US$ 1 milhão, de acordo com investigadores.

Moore alegou que Shakespeare deu a ela o dinheiro como um presente, e ela usou a grana para comprar um carro da marca Hummer, outro do modelo Corvette, um caminhão, além de bancar por uma viagem de férias.

Xerife do condado de Polk, Graddy Judd chamou Moore de “artista da enganação”: “DeeDee Moore enganou Abraham Shakespeare por seu dinheiro, e isso possivelmente custou a vida dele”.

Shakespeare foi visto pela última vez em abril de 2009. A família dele acreditou por algum tempo que ele teria viajado para aproveitar o dinheiro, relaxar em alguma praia, por exemplo.

Moore contou ao jornal local Lakeland Ledger que ele estava “se escondendo um pouco”, por causa de pessoas que estariam interessadas em seu dinheiro. Ela também disse ao jornal que o ajudou a sumir.

Investigadores dizem que Moore tentou fazer com que parecesse que Shakespeare estava vivo por meses, até usando o celular dele para mandar mensagens de texto como se fosse ele para amigos e parentes. Ela também teria pago US$ 5 mil um parente de Shakespeare para entregar um cartão de aniversário para a mãe dele, dizendo que ele tinha mandado.

O corpo de Shakespeare foi achado no ano seguinte, enterrado em uma casa que pertenceu à Moore. Ela negou que tivesse algo a ver com a morte, alegando que Shakespeare tinha problemas com traficantes de drogas.

A investigação levou os policiais a falar com o ex-marido de Moore, que revelou que, na noite da morte de Shakespeare, ela pediu que ele usasse uma máquina para cavar um buraco no jardim traseiro da casa e depois tampar o buraco com concreto. Ele disse que não tinha ideia que havia um corpo ali, e autoridades realmente determinaram que ele não estava envolvido.

A história de Moore começou a desmoronar e ela foi acusada de assassinato. Em 2012, um júri considerou Moore culpada de assinato de primeiro grau, com pena de prisão perpétua, sem a possibilidade de liberdade condicional.

Por mais irônico que possa parecer, Moore fez campanha para que ganhadores da loteria tivessem suas identidades protegidas por ao menos seis meses depois que eles retirassem o dinheiro.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, aprovou em 2022 uma lei que permite que nomes de ganhadores de prêmios maiores que US$ 250 mil permanecessem confidenciais. Para quem ganhar até US$ 600, os nomes serão divulgados após 90 dias. DeeDee Moore continua presa em Ocala, na Flórida.

r7