Pensar demais produz toxinas que alteram nosso poder de decisão
Pesquisadores descobriram porque nos sentimos exaustos após longas jornadas de trabalho. Uma pesquisa divulgada pela revista Current Biology concluiu que parmanecer de quatro a cinco hoje em trabalho cognitivo intenso potencializa o acumulo de toxinas no córtex pré-frontal, parte do cérebro responsável pelas funções cerebrais, como a memória e controle de decisões.

Essa alteração faz com que as decisões tomadas diante de situações mais complexas não sejam feitas com esforço e desempenho necessário. A partir desse período intenso, o cérebro cria involuntariamente um processo de fadiga mental, proporcionando menos pensamento e mais comodidade, esclarece os pesquisadores.
“Teorias influentes sugeriram que a fadiga é uma espécie de ilusão inventada pelo cérebro para nos fazer parar o que estamos fazendo e nos voltarmos para uma atividade mais gratificante”, diz Mathias Pessiglione, professor da Universidade Pitié-Salpêtrière.
Ele acrescenta: “Nossas descobertas mostram que o trabalho cognitivo resulta em uma verdadeira alteração funcional – acúmulo de substâncias nocivas – então a fadiga seria de fato um sinal que nos faria parar de trabalhar, mas com um propósito diferente: preservar a integridade do funcionamento do cérebro.”
O pesquisadores buscavam compreender o que realmente é a fadiga mental. Diferentemente de computadores e máquinas que trabalham sem parar, o cérebro não tem a mesma capacidade de produzir e adquirir novas informações, o descanso é necessário.
Para provar isso, os cientistas usaram a espectroscopia de ressonância magnética [técnica de pesquisa que investiga propriedade magnéticas núcleos atômicos] para monitorar a química do cérebro ao longo de um dia de trabalho. Foram analisados dois grupos de pessoas: um que precisava pensar muito e outro que tinha tarefas cognitivas consideradas mais fáceis.
A conclusão foi que os sinais de fadiga, como a dilatação reduzida da pupila, estava presente apenas no grupo mais exigido no trabalho. Esses trabalhadores também optaram por recompensas de curto prazo e com pouco esforço ao longo do dia.
Inevitavelmente, esses indivíduos tinham níveis mais altos de glutamato – aminoácido mais abundante no sistema nervoso central e atua no aprendizado e na memória – nas sinapses do córtex pré-frontal do cérebro.
Com a análises desse estudo associada a ensaios anteriores, os pesquisadores concluem que o controle cognitivo é mais complicado quando as situações do dia a dia requerem mais esforço mentalmente.
Mas, existe uma maneira de contornar a capacidade limitada do nosso cérebro de pensar muito? Pessiglione é pessimista: “Eu empregaria boas e velhas receitas, como por exemplo, descansar e dormir. Há boas evidências de que o glutamato é eliminado das sinapses durante o sono”.
O autor aconselha ainda que as pessoas a evitem tomar decisões importantes quando estão muito cansadas.
Furamente, os pesquisadores esperam descobrir por que o córtex pré-frontal parece especialmente suscetível ao acúmulo de glutamato e à fadiga. Outro ponto é avaliar se os mesmos marcadores de fadiga no cérebro podem prever as condições de saúde das pessoas, como a depressão ou câncer.
R7