Brasil teve aumento de 67% de infrações à Lei do Descanso em estradas em um ano

Dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal) mostram que em 2024 o país registrou 78.658 infrações à chamada Lei do Descanso por motoristas. O número é 67% maior do que as ocorrências registradas em 2023, que terminou com 46.849 flagrantes.

Neste ano, a norma passou por mudanças. Uma delas diz que o descanso de 11 horas a cada 24 horas dirigidas deve ser cumprido de forma integral e não mais fracionada, como anteriormente.

Continua valendo, entretanto, o descanso de 30 minutos a cada 6 horas de condução de veículos de carga, e a cada 4 horas e 30 minutos de condução de veículos de passageiros. Esse descanso pode ser fracionado em intervalos mínimos de 5 minutos.

Os estados com maior número de infrações no ano passado foram Bahia, Mato Grosso, Paraná e Minas Gerais.

Número de infrações à Lei do Descanso em 2024

A fiscalização ocorre, preferencialmente, por meio da análise do disco ou fita diagrama do cronotacógrafo — equipamento obrigatório em ônibus e caminhões que registra velocidade, distância percorrida e tempo de direção — ou pela verificação do diário de bordo, papeleta, ficha de trabalho externo ou ficha de trabalho do autônomo.

Além disso, os policiais analisam a documentação dos veículos e das cargas, bem como o estado de conservação dos caminhões, com atenção especial aos sistemas de freios.

Divulgação/PRF/Arquivo

“Ao assegurar o direito ao descanso do profissional do transporte rodoviário, a PRF previne acidentes com caminhões e carretas, pois o motorista submetido a jornadas de trabalho sem o devido repouso coloca em risco a vida das pessoas e a sua própria. Prevenção ainda é a melhor forma de enfrentamento à violência no trânsito, tanto nas BRs quanto nas cidades, uma vez que muitas rodovias federais cortam extensas áreas urbanas”, defende o diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Oliveira.

Novas regras da Lei do DescansoLuce Costa/Arte R7

Tragédia

Na madrugada de 21 de dezembro de 2024, na BR 116, em Teófilo Otoni (MG), um dos maiores acidentes rodoviários da história recente do Brasil provocou a morte de 39 pessoas e ferimentos em outras 11, depois que uma carreta em alta velocidade atingiu um ônibus de passageiros que seguia de São Paulo para a Bahia.

As investigações concluíram que o motorista dirigia sob efeito de álcool e drogas e violava o período de repouso. Também foi constatado que as notas fiscais e outros documentos de transporte da carga foram adulterados para encobrir um excesso de peso de mais de 16 toneladas de blocos de quartzito.

Em fevereiro deste ano, a Justiça de Minas Gerais acolheu denúncia do Ministério Público contra o motorista e o dono da transportadora. Os dois vão a júri popular pelos crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio.

Raio-x

O setor de transporte rodoviário corresponde, sozinho, por cerca de 65% da movimentação de cargas no Brasil. Os dados são da CNT (Confederação Nacional do Transporte).

São cerca de 600 mil caminhoneiros autônomos, 200 mil empresas e 482 cooperativas cadastradas no Registro Nacional de Transportadores Rodoviários de Carga, ou seja, apenas no setor formal.

O transporte rodoviário de cargas movimenta uma frota de 7,9 milhões caminhões e carretas e transportou em 2024 mais de 175 milhões de toneladas de granéis sólidos e combustíveis, entre outros.

R7