Número de inscritos no Enem cresce 38,6% na Bahia

Desempenhando um papel crucial na entrada de estudantes no ensino superior, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem 449.528 inscritos na Bahia em 2024 – 38,6% a mais do que em 2023 (324.272). Dos estudantes baianos que estão prestes a fazer o exame, 113.746 são da rede estadual de ensino, que desde agosto tem investido em simulados e aulões para descomplicar o Enem, revisando matérias, esclarecendo dúvidas quanto ao exame e ajudando os estudantes a lidarem com o nervosismo.

Estudante do terceiro ano do ensino do Colégio Estadual Pedro Paulo Marques e Marques (CEPPMM), Dionara Souza, 18, fez a prova do Enem três vezes – ela é treineira, nome dado a quem faz a prova antes de concluir o ensino médio para treinar –, e tem experiência no Exame o suficiente para, após fazer os simulados em seu colégio, afirmar categórica: “As regras da prova, tolerância zero para atrasos, a prova em si… Tudo foi super fiel. Principalmente para aqueles que não conhecem a prova, esses simulados mostram muito bem como é. Até o frio na barriga”, garante.

Dionara pretende cursar história na Uneb ou na Ufba, e afirma que dar segmento à educação é algo muito importante e presente em sua família. “Faz pouco tempo que minha mãe começou a cursar direito e meu pai engenharia, enquanto minha avó se formou no ensino médio aos 81 anos. Além de estudar, muita gente trabalha, como é o meu caso, então ter a escola nos apoiando com ações assim é essencial, pois nos ajuda a ter essa visão de futuro, né? É a escola nos mostrando caminhos e isso é absurdamente importante para que a gente se veja também”, explica a estudante.

As atividades ligadas ao Enem que estão acontecendo no CEPPMM – e em toda a Bahia – fazem parte da ação “Tô com você no Enem”, que o Governo do Estado, através da Secretaria de Educação (SEC), criou para potencializar o estudo desses estudantes para o esperado exame. “É uma agenda intensa e muito especial. Um trabalho contínuo na gestão da aprendizagem desses estudantes e que garante a recomposição, porque sabemos que existem impactos da pandemia que reverberam até hoje na vida desses estudantes”, explica a titular da SEC, Rowenna Brito.

Aulões no estado

Com inúmeros aulões nos últimos meses em todo o estado – alguns exclusivos de Redação –, a última semana foi o momento de testar esses conhecimentos nos simulados. “Essas provas simuladas não nos ajudam a sentir como é a prova de verdade, mas também a focar no que a gente quer, treinar como chegar lá e não desistir no meio do caminho. Ainda não sei para qual universidade vou me inscrever, mas estou bem confiante sobre fazer a prova”, afirma a estudante do CEPPMM Eduarda dos Santos Moreira, 17, que planeja cursar pedagogia.

Simulados encerrados, amanhã será a vez do Gabaritei, um aulão gratuito na Concha Acústica do Teatro Castro Alves para 4.500 estudantes da rede estadual de ensino. “Para o dia do Enem, nós vamos disponibilizar transporte para os estudantes da zona rural e cidades do interior. Em Salvador, o metrô será gratuito para os estudantes nos dias de prova, e a SEC irá para a porta das escolas que estão aplicando o exame para distribuir kits de lanche e recepcionar os alunos, dando aquela força antes de cruzarem os portôes”, conta a titular da pasta.

Imagem ilustrativa da imagem Número de inscritos no Enem cresce 38,6% na Bahia

| Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDE

E o papel das escolas estaduais têm sido fundamentais na preparação desses estudantes, em especial na prova de Redação, na qual cada vez mais baianos ultrapassam os 900 pontos, como foi o caso de Ameire Rocha, de Mortugaba (centro sul baiano) que tirou 980 em 2023 e agora cursa direito. “O primeiro contato que tive com redação foi no segundo ano do ensino médio e dali até o Enem me dediquei ainda mais. No início eu tinha dificuldade para fazer, mas olhando hoje todas as redações que eu fiz, foi nítida a minha evolução com o apoio das aulas da escola. Alcançar essa nota é algo muito gratificante”, afirma.

Incentivar os alunos

As ações entram ainda na questão do sentimento de pertencimento desses estudantes. “Durante os anos escolares falamos com eles sobre identidade e como se colocar nesse mundo estudantil, os incentivando a almejar o ambiente acadêmico, pois eles são capazes disso. Entretanto, a questão da baixa autoestima hoje atrapalha muito os estudantes da rede pública. O mundo hoje está ansioso e caótico, com as informações chegando muito rápido, então como educadores precisamos encontrar formas de os ajudar a filtrar e digerir tudo isso”, explica a professora de artes do CEPPMM, Nilmara Rocha.

Para a estudante Rafaele Santos Rodrigues, 18, esse foco das escolas em preparar os alunos é importante por ser um apoio que muitos deles não encontram em outro lugar. “Antes, muitos poderiam dizer coisas como ‘não vou fazer a prova porque não tive como estudar’ ou ‘não tive nem mesmo um aulão sobre assuntos para revisar’, mas com tudo isso acontecendo nas escolas não tem desculpa. Sem falar do incentivo que recebemos, pois muitos jovens não sabem o que querem da vida e essas ações dão aquele empurrãozinho, sabe?”, aponta Rafaele, que pretende cursar administração.

Apesar da importância dessas atividades mais intensivas à medida que o Enem se aproxima, a professora Nilmara Rocha ressalta que esse incentivo dado para os estudantes é também o exercício, “pois a gente não vai conseguir fazer todos eles se interessarem pela área acadêmica de uma para outra”, explica. Mas tudo é uma prática. “Tentar se equilibrar, entender que você é capaz e como se colocar no lugar de desafio ajuda você a desenvolver outras habilidades e abre possibilidades que você desconhecia. Então se torna um momento em que mostramos para todos eles que vale a pena se desafiar”, afirma a educadora.

Rede estadual tem investido em simulados e aulões para descomplicar o Enem – Foto: Olga Leiria | Ag. A TARDE

A Tarde