32% dos consumidores sofreram alguma tentativa de golpe em compras na internet

Com o crescimento das compras online no Brasil, a falta de cuidados pode transformar a conveniência em dor de cabeça –, e prejuízo para o bolso. Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) revela que 32% dos consumidores já sofreram tentativas de golpes, como clonagem de cartões e sites falsos. Esses riscos vêm se tornando cada vez mais comuns, gerando desconfiança entre os compradores. A distração a detalhes simples, como a segurança dos sites, pode deixar os consumidores vulneráveis a falcatruas, comprometendo tanto as finanças quanto dados pessoais.

Segundo Daniel Sakamoto, gerente executivo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), há uma série de medidas simples que os consumidores podem adotar para se proteger contra fraudes, e ele alerta que verificar a reputação da loja e buscar feedback de outros consumidores é o primeiro passo para garantir uma compra segura. “Muitas vezes, golpistas criam sites com ofertas de produtos muito abaixo do preço de mercado. Nesses casos, é fundamental pesquisar a idoneidade da loja em plataformas como o Reclame Aqui, ou em redes sociais”.

O economista e consultor financeiro Danilo Oliveira acrescenta que o impacto financeiro das fraudes pode ser devastador, especialmente para consumidores que realizam compras frequentes pela internet. “Quando as pessoas caem em golpes, além do prejuízo imediato, enfrentam dificuldades para recuperar o valor pago. Muitas vezes, as vítimas deixam de buscar ressarcimento por acreditarem que o processo será demorado e complicado”, comenta.

Para evitar problemas, Oliveira recomenda uso de cartões de crédito em vez de boletos ou transferências diretas, já que os cartões oferecem mais proteção contra fraudes e permitem a contestação de cobranças indevidas.

Segundo o advogado especialista em direito do consumidor Janderson Teles, os golpes mais comuns envolvem ofertas de produtos que nunca chegam, falsas consultorias financeiras e promessas de consórcios vantajosos que não existem. “Esses crimes são geralmente orquestrados por quadrilhas especializadas, o que dificulta a identificação dos responsáveis e a recuperação do dinheiro. Por isso, prevenir é sempre melhor”, orienta Teles.

Ele reforça a importância de não compartilhar dados pessoais ou financeiros por e-mail ou telefone, e de desconfiar de ofertas que parecem boas demais para ser verdade. Além disso, Teles destaca que, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC), as plataformas de e-commerce são obrigadas a garantir segurança nas transações e proteger os dados dos usuários. “Caso o consumidor seja vítima de uma fraude, ele tem o direito de exigir reparação e reembolso integral, além de poder recorrer à justiça para receber indenização por eventuais danos morais, caso seja necessário”.

Medo e desconfiança

A pesquisa da CNDL também apontou que 35% dos consumidores deixaram de comprar pela internet por medo de fraudes, trazendo um impacto significativo ao comércio digital. Para Sakamoto, esse é um dado preocupante, já que reflete a desconfiança em um setor que tem se expandido rapidamente.

“Esse é um dado extremamente preocupante, revela que o medo das fraudes está freando o crescimento da economia digital no Brasil. Quando a gente fala que 35% dos consumidores evitam o comércio eletrônico por desconfiança, estamos falando de uma perda significativa de potencial de venda. Além disso, essa insegurança acaba freando a inclusão digital de muitos consumidores, especialmente em regiões onde o acesso a lojas físicas é limitado”, pontua o gerente.

Renata Silva, servidora pública, compartilha que sempre toma cuidado ao realizar compras on-line por medo de cair em algum golpe e não receber o seu pedido. “Antes de comprar, eu sempre pesquiso a reputação do site. Uso plataformas que permitem visualizar avaliações de outros consumidores e sempre opto por sites que têm um sistema de segurança bem estabelecido”.

Janderson Teles reforça que, em caso de golpe, o consumidor deve reunir provas, como comprovantes de pagamento e trocas de e-mails, e registrar um boletim de ocorrência, pois essas evidências serão essenciais para a solução do caso. Ele também menciona a responsabilidade das instituições financeiras em fraudes com cartões de crédito. “O consumidor, que é a parte mais vulnerável, não pode ser responsabilizado por uma clonagem de cartão, por exemplo. Nesse caso, o banco tem a obrigação de restituir os valores”.

Pix

Com a crescente popularidade do Pix, os cuidados também devem ser redobrados para evitar fraudes nesse meio de pagamento ao fazer compras em sites internacionais desconhecidos. Daniel Sakamoto ressalta que, como as transações são instantâneas, os consumidores precisam verificar cuidadosamente os dados antes de confirmar o envio.

“Uma das principais características do Pix é a sua instantaneidade, e isso acaba sendo um dos maiores riscos para fraudes. Antes de confirmar a transação, o consumidor deve revisar os dados, verificar o nome e a chave Pix do destinatário. Além disso, é importante estar atento a tentativas de phishing, que envolvem links falsos enviados por e-mail ou redes sociais”, orienta.

O economista Danilo Oliveira destaca que, além das precauções com os dados, os consumidores devem sempre ser cautelosos ao usar métodos de pagamento instantâneos. “É fundamental que os usuários do Pix mantenham seu celular e contas bancárias protegidos. Usar autenticação em duas etapas, manter aplicativos atualizados e evitar acessar contas em redes wi-fi públicas são medidas que podem proteger os dados financeiros”.

Além disso, é essencial que os consumidores tenham um planejamento financeiro para compras internacionais. Oliveira comenta que muitas vezes, os preços atrativos podem se tornar um gasto maior devido às taxas adicionais, por isso, uma pesquisa aprofundada e um controle de gastos são indispensáveis.

A Tarde