Diálise: número de pacientes tem aumento de 57,6%

No Dia Nacional da Diálise, comemorado nesta quinta-feira, 29, a preocupação com a saúde renal dos brasileiros ganha destaque. Em uma década, o número de pacientes que dependem de diálise aumentou 57,6%, alcançando a marca de 155 mil pessoas, de acordo com o último Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).

O número é um reflexo direto do avanço dos fatores de risco como diabetes, hipertensão arterial, obesidade e envelhecimento da população.

A diabetes atinge mais de 10% da população brasileira, enquanto a hipertensão arterial afeta mais de 38 milhões de pessoas no país. Esses números preocupantes são ainda agravados pelo excesso de peso, que hoje está presente em 56,8% dos brasileiros. Além disso, o país vive um envelhecimento populacional significativo: o número de idosos cresceu 56% desde 2010, representando agora 15,6% da população.

Além disso, o envelhecimento populacional é um fator que contribui significativamente para o aumento das doenças renais. Desde 2010, a população idosa no Brasil cresceu 56%, representando atualmente 15,6% do total de habitantes.

Em entrevista ao Portal A TARDE, o Dr. Bruno Zawadzki, nefrologista e diretor médico da DaVita, destacou a importância da comemoração ao Dia Nacional da Diálise e o reforço da campanha para ampliar o acesso de qualidade aos pacientes.

“É juntar força e mostrar a necessidade que a gente tem de melhorar o acesso à diálise e chamar atenção também para questões relativas à nefrologia como um todo. A ideia dessa data é que a gente chame atenção e toda a sociedade se conscientize, se sensibilize, eduque e mostre as dificuldades em termos de qualidade, em termos de acesso, termos da parte de financiamento que existe, ou seja, todas as dificuldades que a gente enfrenta”, ressalta.

A incidência das doenças renais em homens é maior que em mulheres, principalmente aqueles com uma faixa etária acima de 40 anos, segundo o médico.

“Hipertensão e diabetes são doenças que aumentam o envelhecimento populacional, por isso que pacientes que têm doença renal crônica e dializam estão naquela faixa etária a partir dos 40, 50 anos. Mas é claro, quando você pega ali as causas, por exemplo, as causas são primárias no rim. Elas podem acometer pacientes mais jovens, mas vai ter mais indivíduos numa idade mais avançada por conta dos fatores de risco. São aqueles indivíduos que têm doença cardiovascular, hipertensão, diabetes, obesidade, etc”, pontua.

Dr. Bruno Zawadzki, nefrologista e diretor médico da DaVita

Dr. Bruno Zawadzki, nefrologista e diretor médico da DaVita | Foto: Divulgação | DaVita

Conforme o Dr. Zawadzki, cerca de 10% das pessoas do mundo, equivalente a um bilhão de habitantes, têm algum nível de doença renal crônica. Dentro de 16 anos, a condição será a quinta causa mais comum de morte no mundo.

“Ela tem vários níveis, vários estágios, desde o estágio mais leve até o estágio moderado, estágio avançado até um estágio terminal que o rins já praticamente não funciona. A gente tem alguns trabalhos que mostram que até 2040 a doença renal crônica vai ser a quinta causa mais comum de morte no mundo. Ou seja, hoje ela é a décima quinta, quarta causa”, diz.

Tratamentos

Existem diferentes métodos de diálise para o paciente com doença renal crônica, como a diálise peritoneal, a hemodiálise e a hemodiafiltração, também conhecida como HDF. Todas já consolidadas como opções terapêuticas, com muitos estudos e aperfeiçoamentos.

A hemodiafiltração, por exemplo, está disponível há mais de 20 anos, sendo capaz de remover toxinas do organismo em volume maior do que a hemodiálise convencional.

Outro tratamento disponível, a diálise peritoneal, se destaca por ser um processo realizado pelo próprio paciente, familiar ou cuidador, sem suporte da equipe de enfermagem. Assim, a diálise peritonial pode ser realizada na residência do paciente, fora do ambiente clínico ou hospitalar, com benefícios à rotina.

“Nesta terapia, um cateter flexível é colocado no abdômen do paciente, pelo qual é realizada a infusão da solução de diálise peritoneal, necessária ao processo de filtração do sangue”, explica o Dr. Zawadzki. “Esse líquido entra em contato com o peritônio, membrana que reveste os órgãos abdominais, e permanece nessa cavidade para que ocorra a troca entre a solução e o sangue, e assim acontece a drenagem, juntamente com as toxinas que estavam acumuladas”, completa.

Nos últimos 20 anos, os transplantes renais aumentaram 113% em todo o Brasil, passando de 2.911 em 2003 para 6.208 em 2023. Um artigo recente publicado na American Journal of Kidney Diseases pela National Kidney Foundation (EUA) destaca que o transplante renal, especialmente de doador vivo, oferece a melhor chance de sobrevida a longo prazo e uma melhora significativa na qualidade de vida para pacientes com insuficiência renal.

“O indivíduo em diálise já está com o rim num estágio que praticamente não está funcionando, então ele vai precisar da diálise de forma contínua para o resto da vida dele. Tem o transplante de rim e é importante frisar que é uma modalidade de tratamento, não é a cura da doença renal crônica. Quando você faz o transplante você vai ter que tomar medicamentos e imunossupressores. Então ele é uma forma de tratamento, não é a cura”, conta Dr. Zawadzki.

Com diálise adequada e acompanhamento pelo nefrologista, o paciente tem mais chances de estar clinicamente estável e apto para receber novos rins, quando surgir uma oportunidade de transplante.

A Tarde