46% dos brasileiros assumem desorganização financeira
Ter o controle contínuo do próprio dinheiro, em tese, parece simples e, até mesmo, óbvio. Afinal, quem melhor do que você mesmo para saber quanto entra e sai da sua conta bancária? Uma pesquisa do SPC Brasil revela, no entanto, que 46% dos brasileiros assumem não ter organização financeira.
Isso significa que uma quantidade significativa de pessoas não controlam o quanto gastam, quanto pagam de juros, desconhecem o valor de seus rendimentos mensais e tampouco conseguem se planejar para imprevistos. As consequências são certas: apertos ao longo do mês, dificuldade para fechar as contas.
Para evitar contratempos e conquistar a estimada liberdade financeira, o planejamento é imprescindível. Ter domínio das finanças, além de gerar tranquilidade e fazer o dinheiro render melhor, auxilia na realização de objetivos.
É pensando nisso que Gabriel Cordeiro, 24, põe em prática a organização financeira desde 2019. Por meio de uma planilha, o advogado mantém o controle dos seus gastos fixos mensais e de quanto o restará para as despesas que surgem. Além disso, assim que recebe o salário, Gabriel destina 20% para a reserva de emergência.
O estudante de contabilidade Álvaro Matos, 23, também se planeja todos os meses para não passar aperto. A sua estratégia gira em torno da fatura do cartão de crédito, que é para onde vai cerca de 90% do seu salário. Ao contrário de Gabriel, no entanto, Álvaro não adota nenhum tipo de organização por escrito, prefere as notas mentais.
Apesar de não ser primordial, o professor de economia e conselheiro do Corecon-BA, Alex Gama recomenda o uso de planilhas e aplicativos para exercer a organização das finanças. Segundo ele, colocar as despesas na ponta do lápis – ou do mouse – facilita o processo de organização.
“A vantagem de fazer planilha é perceber, além dos custos fixos, os chamados custos invisíveis, que são aquelas despesas que, no dia a dia, as pessoas não se dão conta que estão pagando, como assinatura de streamings e outras coisas. Além disso, também torna-se mais fácil analisar os custos variáveis e até pensar se tem coisas que você pode abdicar”, destaca.
Para os que preferem se organizar através do computador ou celular, existem algumas opções de aplicativos, como o Domínio Start ou Mobiils, planilhas no Excel e, até mesmo, o tradicional bloco de notas.
“Receitas prontas”
Não é incomum encontrar na internet “receitas” prontas de organização financeira, com indicações de quantias que devem ser investidas e guardadas e de métodos que devem ser utilizados. Em meio às diferentes realidades socioeconômicas, no entanto, a regra é uma só: começar o planejamento com o que tem, reforça o planejador financeiro Raphael Carneiro.
“Não dá para dizer que vai ser fácil para todo mundo. De fato, quem ganha um salário mínimo tem a vida bem apertada. Mas é tão importante quanto ou até mais importante ter esse controle, independentemente do rendimento. Ter domínio das finanças é fundamental, para poder entender o que pode ser feito com o dinheiro”, afirma.
Na hora de guardar, o princípio deve ser o mesmo, guardar o que der. Na planilha, além de anotar os gastos do mês, é fundamental projetar o que pode gastar, pontuam os especialistas.
A Tarde