Uso de medicamentos para saúde mental cresce 36% em quatro anos no Brasil
A sociedade contemporânea tem enfrentado uma série de desafios que impactam diretamente a saúde mental das pessoas. Questões como estresse, ansiedade, depressão e outros transtornos têm sido mais presentes, muitas vezes exigindo a intervenção de profissionais de saúde e, em muitos casos, o uso de medicamentos.
Nos últimos tempos, tem se destacado uma preocupante tendência: o aumento no uso de medicamentos para saúde mental. Números recentes indicam um incremento significativo na prescrição e consumo de psicotrópicos, lançando luz sobre a saúde mental da população em meio a um cenário de transformações sociais e eventos marcantes.
Aproximadamente um bilhão de pessoas em todo o mundo sofrem com algum problema de saúde mental, o que significa dizer que uma em cada oito pessoas lida com problemas como ansiedade e depressão. Nos últimos quatro anos no Brasil, o consumo de antidepressivos e estabilizadores de humor cresceu 36%, de acordo com o Conselho Federal de Farmácia.
Esse cenário tem levado as indústrias farmacêuticas a investirem cada vez mais em novos medicamentos com foco na neurologia e psiquiatria, com objetivo de minimizar os efeitos colaterais e proporcionar uma eficácia superior em comparação aos medicamentos já liberados para o consumo.
Um exemplo desse investimento é a indústria paranaense Prati-Donaduzzi, que irá destinar cerca de R$ 80 milhões em 2023 para o setor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) na área de novos medicamentos. E a expectativa é que, nos próximos anos, esse valor seja ainda maior. Atualmente, a farmacêutica oferece 16 moléculas e 65 apresentações de medicamentos destinados a problemas do Sistema Nervoso Central.
“O suporte medicamentoso, quando acompanhado por um médico especialista, é um importante auxílio na superação dos desafios das relações sociais, que muitas vezes são prejudicadas pelo estresse da rotina e pressão que somos submetidos diariamente, tanto no âmbito profissional como afetivo”, afirma a pesquisadora da Prati-Donaduzzi, Emanuelle Webler.
A Importância da Abordagem Multidisciplinar
Enquanto os medicamentos podem ser ferramentas valiosas no tratamento da saúde mental, é essencial compreender que uma abordagem multidisciplinar é a mais eficaz. Terapias, acompanhamento médico, atividades físicas e práticas de bem-estar, além do apoio familiar, também desempenham um papel crucial no cuidado da saúde mental.
Conscientização e Acesso ao Tratamento
O aumento no uso de medicamentos para saúde mental ressalta a importância da conscientização sobre a saúde mental e a necessidade de acesso adequado a tratamentos e profissionais especializados. Além disso, a sociedade deve continuar buscando reduzir o estigma em torno dos transtornos mentais, incentivando um ambiente onde a busca por ajuda seja encorajada e acolhida.
Longo e rigoroso processo de pesquisa
O processo de pesquisa envolve cerca de 300 profissionais na área, grande parte com mestrado e doutorado, trabalhando em equipes multidisciplinares compostas principalmente por farmacêuticos e químicos.
Esses times realizam uma variedade de atividades, desde a busca por novos produtos, estudos de viabilidade técnica e econômica, gestão de projetos, desenvolvimento de novas fórmulas e novos métodos analíticos, embalagens, análise de estabilidade até a elaboração da documentação do dossiê de desenvolvimento de produtos submetidos à Anvisa. Considerando todas as etapas de desenvolvimento, pesquisa clínica e avaliação pela Anvisa, podendo levar vários anos até que o medicamento desenvolvido esteja disponível nas farmácias.
“O Sistema Nervoso Central apresenta desafios significativos de acesso, incluindo barreiras biológicas que impedem a chegada das moléculas para exercerem seus efeitos terapêuticos. Superar essas barreiras e desenvolver medicamentos capazes de atingir alvos específicos no cérebro é um dos maiores obstáculos a serem enfrentados durante a pesquisa e desenvolvimento”, complementa a pesquisadora.
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