Bahia espera vacinar 12,5 milhões de animais contra a febre aftosa

Desde o início de maio, 14 estados brasileiros estão participando da primeira etapa da campanha nacional de vacinação contra a febre aftosa de 2023, que termina no dia 31 deste mês. A Bahia está incluída na ação e tem a expectativa de vacinar por volta de 12,5 milhões de animais até o fim do prazo, segundo a Agência Estadual de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab).

Já no Brasil, espera-se vacinar cerca de 73 milhões de bovinos e bubalinos de todas as idades, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Após a vacinação, os produtores também são obrigados a declará-la ao órgão de defesa sanitária animal de seu estado. A campanha nacional faz parte da evolução do projeto de ampliação de zonas livres de febre aftosa sem vacinação no país, previstas no Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PE-PNEFA).

Paulo Sérgio Luz, diretor geral da Adab, explica que a campanha contra a febre aftosa é considerada hoje como um fato sanitário imprescindível e natural, tanto na Bahia e no Brasil quanto nos demais países do mundo.

“Há que se lembrar que todo produtor em nosso estado convive com essa atividade há décadas e que, em decorrência dos seus benefícios na saúde dos rebanhos, sempre haverá uma interligação entre a produção, a erradicação da febre fftosa e o agronegócio. A ausência da virose significa, portanto, o investimento do produtor e o sucesso da Defesa Sanitária Animal”, diz.

Já o diretor de defesa animal da Adab, Carlos Augusto Spínola, esclarece que a Febre Aftosa é uma enfermidade causada por vírus, uma doença infecciosa que pode provocar febre, seguida pelo aparecimento de vesículas (aftas) – principalmente na boca e nos pés de animais de casco fendido.

“A febre aftosa é uma das doenças infecciosas mais contagiosas dos animais e acomete animais biungulados (de casco fendido) como: bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos. Esta doença pode acometer rapidamente criações inteiras. Como a febre aftosa sempre será temida em países onde a doença já tenha sido erradicada, esses rebanhos isentos de vacinação sistemática são riscos constantes aos concorrentes comerciais. Portanto, os conhecimentos técnicos, os serviços em Defesa Sanitária Animal e a consciência da responsabilidade sanitária são os fatores primordiais no processo de blindagem à reintrodução do agente viral nos rebanhos”, alerta Spínola.

Segundo orientações do Ministério da Agricultura e Pecuária, as vacinas devem ser adquiridas nas revendas autorizadas e mantidas entre 2°C e 8°C, desde a aquisição até o momento da utilização – incluindo o transporte e a aplicação, já na fazenda.

Produto biológico

José Neder, coordenador do Programa Nacional de Controle e Vigilância para a Febre Aftosa, reforça que como a vacina é um produto biológico, cuja produção depende de muitos fatores químicos, bioquímicos e físicos, para que sua eficácia se enquadre nos padrões de qualidade e de confiança de sua aplicação, é necessário se obedecer aos critérios do Mapa como também da própria Adab, considerando desde o armazenamento das vacinas, manipulação, higiene, aplicação, entre outros fatores.

“Uma dica é sempre vacinar todo o rebanho pela manhã, com vacinas em local adequado e perto do local dos animais, com seringas e agulhas limpas e adequadas. Não precisa ter pressa porque a vacinação não é um concurso de rapidez, e sim uma atividade que requer técnica”, pontua Neder.

A declaração de vacinação é o último ato que o criador deve realizar em cada etapa de vacinação, e ele é tão importante quanto vacinar, como alerta Paulo Sérgio Luz, diretor geral da Adab.

“Declarar significa estar com os rebanhos protegidos, com o cadastro atualizado no sistema de Defesa Agropecuária e, portanto, habilitado e apto a movimentar os animais aos destinos permitidos para nossos rebanhos. O período para comprar as vacinas, vacinar os rebanhos e declarar a vacinação é de 1 a 31 de maio. Se fora desse prazo, o criador será notificado, passará por procedimento de vacinação compulsória, multa e interdição da propriedade e proibição de transitar com os animais, entre outras sanções estabelecidas por lei”.

Antônio Balbino, criador e proprietário de rebanhos bovinos na Bahia, reforça a importância da vacinação dos animais contra a febre aftosa, não só sanitária, mas também econômica, por conta das restrições de movimentação geradas ao gado não vacinado.

“A febre aftosa é uma doença de certa forma grave na pecuária de bovinos, então em muitas das circunstâncias do comércio de gado é imposta uma condição de que você, em algumas situações, só pode transitar animais se houver uma proteção ou uma comprovação sanitária de que eles não têm essa doença. Alguns países, por exemplo, só permitem receber gado ou transitar gado mediante uma condição sanitária específica”, diz.

“O Brasil é um grande exportador de carne e de certa forma de produtos de origem animal, é exigido do Brasil, que para que a gente mantenha uma condição de comercialização de gado com outros países, tenhamos essas campanhas e também as agências atuando em conformidade determinada pelas organizações internacionais de epizootia”, completa Balbino.

O criador pontua também que o Brasil tem se tornado eficiente nessas campanhas de vacinação, assim como a Bahia. Para ele, a manutenção desse trabalho nacionalmente é muito importante para que se sustente o status de um país com controle sanitário.

“Pode ser que outros países também determinem limitações para comercialização de outros produtos de origem agropecuária, se você não atingir o status determinado por eles de controle de algumas doenças, vão criar barreiras para você comercializar até produtos de origem agrícola. Então o controle sanitário é muito importante, principalmente para um país como o Brasil, que também precisa e vive de um comércio internacional de produtos agrícolas como exportador, como a soja ou milho. Tudo isso cria uma condição de importância maior ainda do ponto de vista econômico, não só sanitário, do controle da doença da febre aftosa”, ressalta.

Segundo Balbino, a vacinação é rotina para as atividades pecuárias de corte e de leite. A maioria dos pecuaristas já sabe como funciona o processo, porém, existem os chamados dias de campo para fazer demonstrações, instruindo os produtores e fazendo uma reciclagem do que se pratica, com apoio da Adab e do Fundo de Desenvolvimento Agropecuário, que é um fundo obrigatório para atender emergência sanitárias.

“Os sindicatos através do Senar, da Faeb, e as associações também, muitas das vezes, em algumas regiões, programam esses treinamentos, que incluem as vacinas contra a febre aftosa. Normalmente, quem dá o curso de treinamento para vacinadores é o Senar, mas aí é uma coisa que eles se programam ao longo do ano”, diz o criador.

A Tarde