Bahia é o estado com mais feminicídios do Nordeste

A violência contra a mulher é um grave problema social e os números mostram que muito ainda precisa ser feito para combatê-la com eficiência, especialmente na Bahia. Em 2022, o estado teve um aumento de 58% nos casos de violência (cerca de um por dia), e se tornou também o estado do Nordeste com o maior número de feminicídios (91). Os dados são da Rede de Observatórios da Segurança, através do boletim ‘Elas Vivem: dados que não se calam’.

O relatório aponta ainda que 2.423 casos de violência contra a mulher foram registrados no país no ano passado, 510 deles sendo feminicídios. A cada quatro horas, ao menos uma mulher é vítima de violência, e a cada 24, um caso de feminicídio é monitorado.

A maioria dos crimes é cometida por companheiros e ex-companheiros amorosos das vítimas, já que eles respondem por 75% do total de mortes. Os motivos mais comuns são brigas e términos de relacionamento.

Vale ressaltar que a terceira edição do documento apresenta o monitoramento de apenas sete estados do país: Bahia (BA), Ceará (CE), Pernambuco (PE), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e pela primeira vez, Maranhão (MA) e Piauí (PI). A Bahia apresentou 13,04% dos casos absolutos de violência contra a mulher (316), sendo assim o terceiro estado com maior percentual entre os analisados.

Larissa Neves, pesquisadora da Rede de Observatórios da Segurança e da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, explica que os números preocupantes da Bahia são provenientes da falta de medidas de prevenção.

“A Bahia acabou se tornando o estado do Nordeste com mais casos de feminicídio, aconteceu um caso a cada quatro dias. Iisso traz a necessidade de uma reflexão para que a gente consiga aumentar minimamente a proteção judicial dessas mulheres”.

A pesquisadora reforça ainda que muitos casos são subnotificados, o que é um agravante. “Grande parte dessas mulheres (vítimas de violência) não conseguem nem denunciar. Estamos diante de um problema que é social e que requer o compromisso da sociedade como um todo, especialmente da gestão pública, O aumento de registro nos dados gerais (de todos os estados analisados pela rede), cresceu 8% de 2020 para 2021, e 8,61% de 2021 para 2022”.

Larissa fala também sobre a dificuldade de se ter acesso a detalhes dos casos, principalmente para as vítimas que são mulheres negras ou que vivem na periferia, enquanto que para mulheres brancas e residentes de bairros nobres, a quantidade de informações é maior.

Por fim, a pesquisadora ressalta que a conscientização da população precisa ser constante. Além de relembrar sobre a importância da sensibilização dos profissionais que atuam no atendimento e no acolhimento dessas mulheres que foram vítimas de violência, para que elas sejam bem tratadas nas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam’s).

EDITORIA DE SALVADOR: Mais um caso considerado feminicídio ocorre em Salvador. Desta vez, uma idosa de 74 anos foi encontrada morta dentro de casa em um condomínio de luxo em Alphavile, região da Avenida Paralela, em Salvador, na tarde desse domingo (18) Na foto: Imagem ilustrativa remetendo a violência contra a mulher, Foto: Uendel Galter / AG. A TARDE Data: 15/10/20 *** Local Caption *** EDITORIA DE SALVADOR: feminicídio na Bahia

A Tarde