Parar de fumar antes dos 35 anos reduz risco de morte por tabagismo

Um estudo publicado na revista científica Jama, da Associação Médica Americana, descobriu que pessoas que fumam cigarro e param antes dos 35 anos têm taxas de mortalidade parecidas com as de quem nunca fumou.

“É o terceiro grande estudo de coorte a descobrir que fumantes que param de fumar antes de atingir 35 anos têm taxas de mortalidade que não são diferentes daquelas de quem nunca fumou”, comentou em um editorial publicado na revista o pesquisador John Pierce, da Escola Herbert Wertheim de Saúde Pública e Ciências da Longevidade Humana, ligada à Universidade da Califórnia.

Os pesquisadores usaram dados da Pesquisa Nacional de Entrevista de Saúde e do Índice Nacional de Mortalidade, ambos nos EUA, entre janeiro de 1997 e dezembro de 2018.

No total, foram 551.388 participantes, com idade média de 48 anos. Os resultados mostraram que o tabagismo está associado a um aumento substancial da mortalidade de fumantes do sexo feminino e masculino, quando comparados aos indíviduos que nunca fumaram. Porém, parar de fumar pode reverter a situação.

“Já se sabe há muito tempo que, quanto mais cedo um fumante parar, melhor. No entanto, agora é possível ser mais específico em relação à idade em que um fumante deve deixar de fumar”, informa Pierce.

No período do estudo, as pessoas que pararam de fumar antes dos 35 anos reduziram as taxas de mortalidade ao nível de indivíduos que nunca fumaram. Isso significa que essas pessoas tiveram a chance de um recomeço.

O estudo mostra ainda que fumantes que deixaram de consumir cigarro antes dos 45 anos têm diminuição de aproximadamente 90% no risco excessivo de mortalidade, quando comparados a indivíduos que continuaram fumando.

Parar de fumar com idades entre 45 e 64 anos também reduziu em cerca de 66% as chances de mortalidade, independentemente da raça e etnia, em comparação com as pessoas que decidiram continuar tabagistas.

Quando separados por grupo, os fumantes brancos não hispânicos tiveram a maior taxa de mortalidade por todas as causas.

Em comparação com nunca fumantes (que não fumaram pelo menos cem cigarros na vida), a taxa desse grupo foi três vezes maior.

Os fumantes não brancos, por sua vez, tanto hispânicos quanto não hispânicos, ficaram com taxas ligeiramente mais baixas — duas vezes mais risco de mortalidade do que os nunca fumantes.

Isso se dá, possivelmente, por duas causas: menor consumo diário de cigarros e início tardio do tabagismo no grupo.

Essa informação relembra a importância de reduzir a intensidade do tabagismo (cigarros por dia), principalmente no Brasil, que, apesar de ser um dos países com número de fumantes abaixo da média, é no qual as pessoas mais consomem cigarros por dia — fumam 11 ou mais.

“Profissionais de saúde e campanhas de saúde pública poderiam incorporar essa idade-alvo [35 anos] em seus esforços para motivar jovens fumantes a tentar parar. Agora, há uma idade próxima para que eles consigam uma tentativa bem-sucedida de parar de fumar, e sua motivação para tentar pode aumentar à medida que se aproximam dessa idade”, finaliza Pierce.

R7