Bahia é o 2º estado com mais solicitações do orçamento secreto
Gestões municipais de diferentes regiões do país conversaram com o governo federal para utilização de R$ 13,1 bilhões do orçamento secreto. Por se tratar de ano de eleição, as prefeituras são importantes cabos eleitorais, principalmente com a disputa acirrada entre Bolsonaro (PL) e Lula (PT).
Dentre as unidades federativas que mais tiveram solicitações de recursos oriundos do orçamento secreto, a Bahia aparece na segunda posição com R$ 1,6 bilhão, junto com Pernambuco. A liderança fica com o Maranhão, cujas prefeituras solicitaram um acumulado de R$ 1,8 bilhão.
Entre os deputados, o campeão dos pedidos é José Nelto (Progressistas-GO). São 42 solicitações para municípios goianos, totalizando R$ 176,1 milhões.
“Os prefeitos foram me pedindo e eu fui colocando”, disse Nelto. “Até agora, nada (de liberação das verbas). Só cadastrei. O relator (Hugo Leal) pediu para cadastrar, e eu cadastrei. Os prefeitos me pediram e eu coloquei lá. Prefeito pede asfalto, patrol, trator, posto de saúde. Um bocado de coisas aí, viu?”, disse.
Josi Nunes (União Brasil), prefeita de Gurupi (TO) e ex-deputada federal, foi uma das que mais pleitearam recursos das emendas de relator até o momento: R$ 214,9 milhões. A maior parte do valor foi reivindicada para obras de pavimentação de ruas e construção de estradas.
Líderes de partidos no Congresso admitem que o orçamento secreto é fundamental para alavancar a candidatura do chefe do Executivo. O esquema prevê a distribuição de recursos de emendas de relator, as chamadas RP-9, sem critérios transparentes, em troca de apoio parlamentar ao governo.
O dinheiro é sempre distribuído para redutos eleitorais de deputados federais e senadoresdurante a chamada “janela partidária”. Com isso, a base de apoio de Bolsonaro no Congresso cresceu por causa da migração de parlamentares para o Progressistas, PL e Republicanos, legendas que compõem o Centrão.
As verbas do orçamento secreto fazem a campanha de Bolsonaro chegar ao interior e representam a salvação para congressistas que buscam mais um mandato, especialmente aqueles que possuem votos em cidades menores, mais dependentes dos repasses de recursos públicos de Brasília.
A área da saúde detém a maior concentração de pedido de verba. Entre as cinco assinaturas mais requisitadas, duas estão relacionadas ao tema: custeio da atenção primária (R$ 5,7 bilhões) e dos hospitais (R$ 2,5 bilhões).
Fomento à agricultura (R$ 2 bilhões), pavimentação e reforma de vias (R$ 3,9 bilhões) e compra de maquinário (R$ 2 bilhões) também são solicitações comuns.
A planilha não impõe limite às solicitações de repasses. No entanto, para que as reivindicações sejam concretizadas, se faz necessária a chancela do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira; do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e do relator-geral do Orçamento, Hugo Leal (PSD-RJ).
A Tarde