Aliada de Rui Costa critica prefeitos que celebraram PEC dos Precatórios com João Roma

Parece que a paz ainda está longe de ser selada na base do governador Rui Costa (PT) após a aprovação, na Câmara dos Deputados, da PEC dos Precatórios. Depois que o petista chamou os parlamentares da base aliada que votaram a favor da proposta de “traíras”, e de ameaçar separar o “joio do trigo” nas eleições do ano que vem, agora uma aliada de primeira hora do governador decidiu atacar os prefeitos baianos que se posicionaram a favor da medida.

Ex-secretária de Relações Institucionais e atual prefeita de Rafael Jambeiro, Cibele Carvalho (PT) ficou indignada ao ver um vídeo em que o presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Zé Cocá (PP), aliado do vice-governador João Leão (PP) e do deputado federal Cacá Leão (PP), celebra a aprovação da PEC ao lado do ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), virtual candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao Palácio de Ondina. Outros prefeitos baianos aparecem no vídeo, que pode ser conferido abaixo.

“É preocupante comemorações deste tipo de retrocesso que nos associa direta ou indiretamente aos crimes de lesa-pátria que Bolsonaro perpetra contra o país. Somente a Bahia perderá 15 bilhões de investimentos na educação, o que é muito preocupante para nosso estado. Aos meus colegas que comemoram tamanho retrocesso, dou-lhes o benefício da dúvida: devem não ter entendido a dimensão da maldade inserida nesta PEC eleitoreira de Bolsonaro”, escreveu Cibele em uma longa postagem no Instagram.

Para a prefeita, a votação da PEC dos Precatórios foi um “verdadeiro escárnio com a população brasileira”. “É triste ver que a PEC eleitoreira de Bolsonaro que transfere R$ 91,6 bilhões para o mesmo e sua base, que tem um objetivo claro de tentar salvar este governo da morte, do fundo do poço – não vai salvar -, também se tornou a PEC da chantagem junto aos prefeitos (as) do Brasil”, disse Cibele, se referindo ao fato de a proposta incluir o parcelamento das dívidas previdenciárias das prefeituras.

Segundo Zé Cocá, cerca de 250 prefeitos da Bahia estiveram em Brasília para pressionar os deputados a aprovar a PEC. Foi o maior número de gestores municipais que estiveram na capital federal na mobilização organizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Praticamente todos os deputados do PP e do PSD da bancada estadual, principais aliados do governador e detentores do maior número de prefeitos na Bahia, se posicionaram a favor da PEC (clique aqui para lembrar).

“Esse tipo de atropelo cometido pelo desgoverno federal fez alguns (as) prefeitos (as) como massa de manobra. Uma coisa era a PEC dos Precatórios, outra é o refinanciamento das dívidas previdenciárias dos municípios, que é outra pauta de luta”, afirmou Cibele. “Na minha opinião, prefeito (a) não tem o que comemorar. O Congresso deu um cheque em branco de R$ 91,6 bilhões pra Bolsonaro tentar se reeleger e a totalidade do projeto representa uma grande derrota pra o Brasil”, concluiu.

Nova derrota no Senado

Os prefeitos apostam que o governador Rui Costa deve ter uma nova derrota no Senado, que vai agora apreciar a PEC dos Precatórios. Dos três senadores da Bahia, dois devem votar a favor: Ângelo Coronel (PSD) e Otto Alencar (PSD). Apenas Jaques Wagner (PT) vai se posicionar contrário à proposta.

Coronel já declarou publicamente que vai votar a favor, atendendo o pleito dos prefeitos. Otto ainda não se manifestou, mas defendeu a aprovação da PEC quando o texto tramitava na Câmara – o filho do senador, o deputado federal Otto Alencar Filho, foi a favor.

Para o governador, a aprovação da PEC representa uma derrota dupla. Do ponto de vista econômico, a Bahia vai demorar de receber cerca de R$9 bilhões em precatórios na área da educação, já que a proposta adia o pagamento dessas dívidas para o governo federal fazer caixa em ano eleitoral, inclusive para pagar os R$400 do Auxílio Brasil para milhões de brasileiros, segundo discurso da trupe de Bolsonaro.

Politicamente, Rui Costa perde porque a PEC fortalece Bolsonaro justamente no ano eleitoral, e na região Nordeste, que contém a maior parte da população a ser beneficiada com o auxílio, sucessor do Bolsa Família, que tem na Bahia o maior número de contemplados. Além disso, vale frisar que o auxílio fortalece também o nome de João Roma, que pretende disputar o governo da Bahia com o apoio do presidente.

Fonte: Toda Bahia