Quase 30% das espécies do planeta correm risco de extinção

A UICN (União Internacional para a Conservação da Natureza) alertou neste sábado (4), em sua Lista Vermelha, que 28% das espécies classificadas pela organização estão “ameaçadas” de extinção.

Foram estudadas 138.374 espécies, das quais 38.543 se classificam sob ameaça, informa o comunicado desta agência, divulgado durante o Congresso Mundial da Natureza, em Marselha (França).

Segundo dados da agência, 37% de todas as espécies de tubarões e raias estão ameaçadas de extinção, conforme dados da IUCN, que também alertou para o perigo que espreita o maior lagarto do mundo, o dragão-de-Komodo, na Indonésia.

A sobrepesca, a degradação ou desaparecimento de seus habitats naturais ou as mudanças climáticas estão prejudicando a sobrevivência de tubarões e raias, destaca a Lista Vermelha da IUCN, que desde 1964 classifica e monitora a saúde da biodiversidade do planeta.

A Lista Vermelha serve como um alerta para os governos responsáveis ​​por essa riqueza ambiental e como um guia para as organizações não governamentais que a defendem.

O dragão-de-Komodo é um sáurio que pode medir 3 metros e pesar 90 kg. Quase 1.400 espécimes sobrevivem na costa da Indonésia.

Existem mais de 440 espécies conhecidas de tubarões nos oceanos e uma grande parte já está em estado crítico. Alguns espécimes de espécies deixaram de ser detectados há anos.

Outra espécie da Lista Vermelha, o atum, oferece melhores perspectivas. Das sete espécies de atum mais pescadas, os estoques de quatro estão aumentando. O atum rabilho passou diretamente das espécies “em perigo” para as “menos preocupantes”, uma melhoria de três categorias. No entanto, a organização alerta que “numerosas reservas regionais de atum continuam escassas”.

“Essas avaliações são a prova de que a pesca durável funciona, com enormes benefícios de longo prazo”, disse Bruce Collette, presidente do grupo de atum da IUCN.

Mais espécies, mais perigo
A Lista Vermelha da IUCN também atualizou o número de espécies de animais e plantas que classificou pacientemente por mais de meio século.

Das 138.374 espécies classificadas no planeta, 38.543 estão ameaçadas, 28%. O percentual na América Latina é semelhante.

Os cientistas da IUCN têm nove categorias para a Lista Vermelha: desde espécies seguras até aquelas que estão totalmente extintas.

No entanto, no Congresso Mundial de Conservação em Marselha, os conservacionistas queriam mostrar sinais de esperança, com a criação de um novo Status Verde, o outro lado da moeda, as histórias de sucesso para salvaguardar a biodiversidade.

O seu objetivo será “medir a regeneração das espécies, algo que não foi feito até agora” e conhecer o impacto dos programas de conservação.

Assim como a Lista Vermelha, o Status Verde possui nove categorias. “Prevenir a extinção não é suficiente”, explicou Molly Grace, coordenadora do grupo de trabalho da IUCN, em uma entrevista coletiva.

O Green Status começa com 181 espécies avaliadas. O condor californiano, por exemplo, foi classificado como “criticamente ameaçado de extinção” desde a década de 1990, mas graças aos programas de reintrodução da espécie e forte proteção, agora possui 93 espécimes adultos. Sem esses esforços, ele teria desaparecido da natureza, disse o especialista.

A questão das mudanças climáticas
A IUCN, que quer chegar à catalogação de pelo menos 160 mil espécies o mais rápido possível, atualiza sua Lista pelo menos duas vezes por ano. E os países onde se encontram as espécies mais ameaçadas sabem que esses avisos são como “cartões vermelhos” para sua política ambiental.

“Há muita preocupação de que, se uma espécie cair um degrau, os investimentos diminuam”, reconheceu Craig Hilton-Taylor, chefe da Lista Vermelha. É por isso que os Estados membros da IUCN agora querem que o Status Verde seja implementado.

O trabalho da IUCN, que é uma organização de cientistas e não de ativistas, é de longo alcance. E sua estrutura, com estados e organizações não governamentais presentes, em faculdades separadas, muito incomum.

As decisões são tomadas por maioria simples em cada escola, o que significa que deve haver consenso para aprovar uma recomendação.

Da América Latina, apenas seis países estão assim representados: Costa Rica, Equador, El Salvador, México, Panamá e Peru. Mas muitos outros estão presentes por meio de órgãos ambientais oficiais.

E desde sexta-feira, também por meio de organizações indígenas, que têm voz e voto no Congresso. Das vinte organizações de povos indígenas, quinze dias vêm da América Latina e do Caribe.

R7