Campanha para coleta de DNA ajuda a encontrar pessoas desaparecidas

O desaparecimento de uma pessoa gera preocupação constante para a família. Uma forma eficiente de buscar a localização de desaparecidos é a coleta de material genético de familiares para ser inserido em um banco de dados nacional. No Brasil, o Banco Nacional de Perfis Genéticos tem cerca de 3 mil amostras de familiares e mais de 4 mil restos mortais não identificados.

No mês de junho, a Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas fez uma mobilização que colheu material genético de mais de duas mil famílias de desaparecidos e possibilitou, até agora, que 18 famílias tivessem informação sobre seus parentes. Elas são do Espírito Santo (1), Goiás (4), Maranhão (1), Minas Gerais (1), Rio de Janeiro (1) e Rio Grande do Sul (7) e no Distrito Federal (3).

A campanha foi realizada de 14 a 18 de junho, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) em parceria com os estados. Os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás e Minas Gerais foram os que tiveram maior adesão.

“O objetivo da ação é alimentar a rede integrada de bancos de perfis genéticos para que as famílias que vivem a dor de não localizar seus entes queridos tenham suas respostas e o sofrimento seja amenizado. É importante ressaltar que a coleta continua e que mais de 150 pontos de coleta no país estão preparados para receber o material genético de quem procura um familiar desaparecido”, disse o secretário nacional de segurança pública do Ministério da Justiça, Renato Paim.

O serviço de coleta de material genético está disponível durante todo o ano todo. O DNA deve ser doado, preferencialmente, pelo pai ou mãe do desaparecido, filhos, irmãos e pessoa com quem ele teve filhos. Também pode ser entregue algum item de uso pessoal do desaparecido.

Desaparecimento esclarecido

No dia 11 de maio de 2020, o filho de Jandira Araújo Santos desapareceu, na cidade de Anápolis (GO). Foi mais de um ano de procura que ela definiu como “uma tortura” até saber da coleta de DNA para identificar desaparecidos.

“Nesse um ano e três meses que eu estava à procura dele passei um tempo que mãe nenhuma merece passar. É um tempo que é pior que a morte. A gente não sabe se seu filho está vivo, se está morto, se está com frio, se está com fome, onde está, o que houve. A gente procura sem resposta, sem sucesso”, relatou Jandira.

Após colher o material genético, ela logo descobriu o que ocorreu com o filho. Valmor Araújo de Oliveira foi encontrado morto, e com o exame de DNA, sua ossada havia sido cadastrada no Banco Nacional de Perfis Genéticos.

“Quando eu soube desse DNA fui fazer esse cadastro na esperança de localizar ele de alguma maneira. E o DNA dele já estava no sistema, que fizeram da ossada. Quando fiz o meu, que cadastraram, foi imediatamente”, contou.

Jandira Araújo mandou um recado a quem também tem parentes desaparecidos. “Quero pedir a todas as mães que têm seus filhos desaparecidos que não tem essa informação que elas vão a qualquer IML da região delas e façam esse DNA. Por que não tem coisa mais torturante no mundo que ter um filho desaparecido e não saber onde ele está e o por quê”, disse.

Como funciona

O DNA coletado é enviado para o laboratório de genética forense da instituição de perícia oficial dos estados, é analisado e o perfil genético obtido é enviado ao Banco Nacional de Perfis Genéticos.

No Banco, o perfil genético coletado é comparado com os perfis de pessoas de identidade desconhecida e de restos mortais de pessoas não identificadas.

O perfil genético da família só é retirado do banco após a identificação. Isso permite que novas buscas sejam feitas à medida que os cadáveres e as pessoas de identidade desconhecida sejam cadastrados. Se a pessoa que desapareceu for encontrada, a família será avisada pela Delegacia ou pelo Instituto Médico Legal.

Atualmente, o Banco Nacional de Perfis Genéticos tem 4.169 restos mortais não identificados e material genético de 3.152 parentes de pessoas desaparecidas, de acordo com o Ministério da Justiça.

Onde ir

Para fornecer os dados e o DNA, parentes de pessoas desaparecidas deverão procurar o local indicado por cada uma das secretarias de segurança pública, nas 27 unidades da federação.

O local de coleta de cada estado está disponível no site do Ministério da Justiça e Segurança Pública (https://www.gov.br/mj/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/desaparecidos/enderecos). É necessário, no ato da coleta, assinar um termo de consentimento.

Coleta DNA

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