Relaxar medidas de proteção após 1ª dose aumenta risco de contágio

Mesmo após a primeira dose da vacina anticovid, é necessário manter o uso de máscara, o distanciamento social e fazer a higienização das mãos com álcool gel.

Isto porque, segundo a infectologista Sylvia Lemos Hinrichsen, consultora de biossegurança da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), dispensar as medidas de proteção após a primeira dose não só aumenta o risco de contágio, como também contribui para que a pandemia siga em descontrole.

“Quanto mais tempo o vírus circula, há mais chances dele sofrer mutação e criar novas cepas, que podem alterar [o efeito] das vacinas e aí novos testes serão necessários para ver qual é o nível de eficácia. O processo é longo e é preciso que as pessoas pensem em se vacinar, sem escolher vacinas, pois uma vacina boa é aquela que a gente toma mais rápido”, destaca a especialista.

No caso da variante Delta, por exemplo, um estudo publicado pela revista científica Nature mostrou que apenas uma dose da vacina da Pfizer ou da AstraZeneca não foi capaz de neutralizar a ação da nova cepa no organismo dos pacientes vacinados.

Além disso, a diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Mônica Levi, explica que uma pessoa só está imunizada contra o coronavírus depois de completar o esquema vacinal e, no Brasil, apenas a vacina da Johnson é aplicada em dose única.

“Uma pessoa só é considerada imune após 15 dias da aplicação da segunda dose. Uma dose da vacina não é suficiente nem para garantir a proteção, nem para prevenir contra as formas graves da doença. Então, as medidas de proteção se mantêm necessárias para continuarmos tendo bons resultados da vacinação”, explica a especialista.

Vale ressaltar que as vacinas em aplicação contra a covid-19, apesar de protegerem contra casos graves e mortes pela doença, não são 100% eficazes e também não impedem que uma pessoa se contamine ou transmita o coronavírus. Não se trata de uma exclusividade destas vacinas, mas de todas.

A especialista também destaca que só será possível relaxar o uso das medidas não farmacológicas de proteção quando o país atingir uma imunidade coletiva. Atualmente, apenas 21% da população vacinável recebeu as doses completas ou a dose única da vacina da Johnson.

“Temos que pensar no nosso papel como cidadãos também. Enquanto não tivermos uma proteção coletiva, você poderá se infectar e mesmo que você não adoeça [ou seja assintomático], ainda pode transmitir o vírus”, ressalta Mônica.

R7