Um terço da população vacinável tomou a primeira dose contra covid

Um terço dos brasileiros acima de 18 anos tomou ao menos uma dose da vacina contra a covid-19. De acordo com os dados oficiais do Ministério da Saúde, 160,044 milhões de pessoas estão nesse grupo. Destes, 53,6 milhões foram uma vez aos postos se imunizar (33,5%) e 21,8 milhões, ou 13,6%, fizeram as duas aplicações.

Cinco meses após o início do programa nacional de imunização contra a covid, a velocidade das aplicações começa a engrenar no país com a chegada de novas doses dos laboratórios e insumos para a fabricação dos institutos Butantan (CoronaVac) e Fiocruz (AstraZeneca).

São esperados ainda nesta semana 2,4 milhões de doses da Pfizer e 3 milhões da empresa Janssen, braço farmacêutico da Johnson & Johnson.

Só nesta semana, duas vezes seguidas mais de um milhão de brasileiros foram imunizados por dia: 1,2 milhão de domingo (13) para segunda-feira (14) e 1,3 milhão de segunda para terça-feira (15).

Para o professor Krerley Oliveira, coordenador do Laboratório de Estatística e Ciência dos Dados da UFAL (Universidada Federal de Alagoas) e membro do estudo ModCovid19, “o principal problema para não avançarmos mais rapidamente no processo de vacinação é a disponibilidade do insumo”.

Ele lembra que o Ministério da Saúde divulgou que até o fim de setembro o país receberá mais 200 milhões de doses.

“Caso isso se concretize, a infraestrutura do SUS [Sistema Único de Saúde] deve permitir que vacinemos todos os cerca de 100 milhões de pessoas que ainda não tomaram a primeira dose. Torcemos para que não haja novos atrasos nessas entregas de vacinas, como já tivemos inúmeras vezes ao longo deste ano.”

Foi apostando na chegada dos lotes e insumos prometidos que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e representantes de outros estados anunciaram a antecipação do calendário de vacinação, prometendo encerrar a fila até setembro deste ano.

O Ceará é o que lidera essa corrida, com a previsão de dar ao menos uma dose a todos os moradores com 18 anos ou mais até agosto.

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Velocidade, sim, mas não correria
O diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), Renato Kfouri, disse no fim de maio ao R7 que vê um risco alto de autoridades apressarem a vacinação para mostrarem resultados apenas.

“Quando você passa a vacinar o grupo seguinte rapidamente, pode ser que sua cobertura esteja baixa. Não adianta você antecipar os públicos, seja por idade ou grupos prioritários, apenas para terminar a vacinação. A imunização só vai ocorrer se o percentual de vacinados com as duas doses for bem alto”, completou.

Kfouri explica que, tradicionalmente, em outras campanhas de vacinação que exigem mais de uma dose, de 15% a 20% das pessoas não voltam para a segunda aplicação. “Estamos acostumados a dar vacinas em crianças e idosos, o público adulto intermediário não tem o hábito de se imunizar e essa é outra dificuldade que o Brasil enfrenta.”

Vacina em adolescentes
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou na semana passada a aplicação da vacina da Pfizer em adolescentes de 12 a 15 anos – quem tem 16 ou 17 já podia tomar esse imunizante. O Ministério da Saúde, no entanto, continua deixando de fora do público alvo essa faixa da população.

Outra vacina que deve chegar ao país em breve e pode agilizar a proteção completa dos brasileiros é a da Janssen, que garante a imunização com uma única aplicação.

107 dias
Para chegar ao número de 160,044 milhões de pessoas que precisam se vacinar, o Ministério da Saúde se baseou na estimativa do IBGE, de 2019, de que 75,8% da população brasileira têm 18 anos ou mais.

Levando em conta esses dados, se for mantida a velocidade de um milhão de aplicações por dia, o país precisaria de 107 dias para dar uma dose aos 106,3 milhões de brasileiros que ainda não tomaram vacina.

Se isso for atingido, o país inteiro faz ao menos uma aplicação em todos os adultos que quiseram se imunizar no dia 30 de setembro.

R7