Programa Água Doce beneficia mais de 70 mil baianos que vivem no semiárido

“Além de nos proporcionar qualidade de vida com o consumo da água potável, o Programa Água Doce trouxe dignidade para gente”. Esse é o relato de Adilson Santos, um dos mais de 70 mil baianos beneficiados com os 295 sistemas de dessalinização de água salobra implantados em 56 municípios do semiárido. Adilson é operador do sistema da comunidade de Bonsucesso, povoado de Mairi, onde 70 famílias são beneficiadas. O equipamento também atende a escola, o posto de saúde e duas igrejas da comunidade. “Antes muitas famílias não tinham onde poder pegar água para o consumo humano. A gente ficava a mercê de água de carro pipa ou de algum vizinho que tinha água de cisterna”, completou.

No total, o Programa Água Doce (PAD) no estado contou com um investimento de mais de R$ 72 milhões. O programa visa estabelecer uma política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano, incorporando cuidados técnicos, ambientais e sociais na implantação, recuperação e gestão de sistemas de dessalinização de águas salobras e salinas.

Durante toda a pandemia, a coordenação do PAD continuou trabalhando, prestando às comunidades locais todas as informações de segurança recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Foram mantidas as atividades de reparos emergenciais nos sistemas de dessalinização. 

“Ainda existem pessoas que não se habituaram ou são resistentes a pegar água no dessalinizador. Ai que vem o nosso trabalho junto com a comunidade, de conscientizá-las sobre a qualidade da água. Para isso, temos sempre o apoio dos técnicos do PAD, as trocas de experiências, as reuniões nas comunidades com o objetivo de deixar todos esclarecidos sobre a proposta do programa, a importância para saúde e a qualidade da água a ser consumida”, explicou José Narciso de Lima, da comunidade do Ipiranga, que fica no município de Conceição do Coité. 

Para Salvador de Almeida, da cidade de Ipirá, o maior benefício do Água Doce é que todos podem tomar a água sem medo de ficar doente. “Hoje, quem toma água do nosso dessalinizador, não quer tomar água de outro lugar”, enfatizou o agricultor familiar, que utiliza o equipamento instalado na comunidade Estaleiro, que beneficia 120 famílias. Para escolha de uma localidade, a equipe do programa leva em consideração alguns critérios, como o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), baixos níveis pluviométricos, altos índices de mortalidade infantil, inexistência de outras fontes para abastecimento de água potável para a população, além de critérios técnicos de análise de água e do solo e testes de vazão dos poços. 

O Água Doce é coordenado na Bahia pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) e tem a Companhia de Engenharia Hídrica e Saneamento da Bahia (CERB) como unidade executora, a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR) como unidade prestadora de serviços de manutenção e monitoramento, e conta ainda com a parceria do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema). 

No último dia 3 de dezembro, o secretário do Meio Ambiente, João Carlos Oliveira e a coordenadora do PAD na Bahia, Luciana Santa Rita, estiveram em Brasília para acertar os últimos detalhes do novo convênio com o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), previsto para 2021. “Nossa perspectiva agora é avançar para uma segunda fase do programa, com a implantação de mais 60 sistemas de dessalinização, em 34 municípios. No que depender do Governo do Estado, a Bahia continuará sendo referência na gestão dos sistemas de dessalinização, mobilização social e sustentabilidade ambiental”, destacou o secretário. 

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